Demência Frontotemporal

Descubra o que é a Demência Frontotemporal, quando a personalidade muda primeiro. Sintomas, diagnóstico e cuidados para manter dignidade e qualidade de vida.

DIAGNÓSTICO

Mauricio Maluf Barella

8/22/20253 min read

A demência é um termo amplo que se refere ao declínio progressivo das funções cognitivas, afetando memória, linguagem, raciocínio e comportamento. Mas nem todas as demências se apresentam da mesma forma. Enquanto no Alzheimer os primeiros sinais costumam estar relacionados à memória, na Demência Frontotemporal (DFT) o que muda primeiro é a personalidade e o comportamento.

Essa característica torna a Demência Frontotemporal um desafio, já que muitas vezes os sintomas iniciais são confundidos com depressão, transtornos psiquiátricos ou até “fases da vida”.

Por isso, compreender como ela se manifesta é essencial para um diagnóstico precoce e um cuidado mais adequado.

O que é a Demência Frontotemporal?

A Demência Frontotemporal é causada por alterações degenerativas nos lobos frontais e temporais do cérebro, áreas responsáveis pelo comportamento social, controle das emoções, julgamento, empatia e linguagem.

Diferente do Alzheimer, costuma afetar pessoas mais jovens — geralmente entre 45 e 65 anos.

Existem diferentes variantes da DFT, mas todas compartilham alterações precoces no comportamento ou na linguagem.

Principais sinais da Demência Frontotemporal

Mudanças de personalidade: a pessoa pode se tornar mais impulsiva, perder a noção de limites sociais ou agir de forma inapropriada.

Redução da empatia: familiares relatam que o paciente “parece não se importar” mais com os outros.

Alterações emocionais: irritabilidade, apatia ou perda de interesse em atividades antes prazerosas.

Dificuldades de linguagem: fala empobrecida, dificuldade para encontrar palavras ou perda da capacidade de compreender frases complexas.

Comportamentos repetitivos: hábitos compulsivos, como comer excessivamente ou repetir rotinas sem sentido.

Diferença da Demência Frontotemporal em relação ao Alzheimer

Início: a Demência Frontotemporalafeta primeiro a personalidade e o comportamento, enquanto no Alzheimer a memória é o sintoma central.

Idade: a Demência Frontotemporalé mais comum em adultos de meia-idade, já o Alzheimer é mais frequente após os 65 anos.

Progressão: na Demência Frontotemporal, problemas de memória podem aparecer mais tarde, enquanto os comportamentais se destacam desde o começo.

Diagnóstico: um desafio clínico

O diagnóstico da Demência Frontotemporal envolve avaliação clínica detalhada, entrevistas neuropsicológicas, exames de neuroimagem (ressonância magnética, PET scan) e testes laboratoriais para excluir outras causas.

Muitas vezes é necessário acompanhamento multidisciplinar para diferenciar a Demência Frontotemporal de quadros psiquiátricos.

Pesquisas recentes têm buscado biomarcadores que auxiliem na detecção precoce, como análise do líquido cefalorraquidiano e exames de imagem funcional.

Por que o diagnóstico de Demência Frontotemporal precoce é importante?

  • Permite orientar a família sobre mudanças de comportamento.

  • Evita tratamentos inadequados (por exemplo, uso excessivo de antidepressivos sem eficácia).

  • Garante maior planejamento para o futuro e suporte social.

  • Ajuda na adaptação de rotinas e estratégias de comunicação.

Convivendo com a Demência Frontotemporal

Ainda não existe cura para a Demência Frontotemporal, mas há formas de melhorar a qualidade de vida:

Terapias não farmacológicas: estimulação cognitiva, musicoterapia, atividades estruturadas.

Orientação familiar: compreender que as mudanças de comportamento são parte da doença reduz conflitos.

Adaptação do ambiente: rotinas claras e previsíveis ajudam a diminuir a ansiedade.

Apoio psicológico: tanto para o paciente quanto para os cuidadores.

Conclusão

A Demência Frontotemporal mostra que a demência não se resume à perda de memória. Quando a personalidade e o comportamento mudam primeiro, é essencial buscar avaliação com um neuropsicólogo ou neurologista especializado em demências.

O diagnóstico precoce pode abrir caminhos para estratégias de cuidado que preservam a dignidade e a qualidade de vida.

Se você percebeu mudanças de comportamento ou personalidade em alguém próximo, procure ajuda especializada. Cuidar da mente é cuidar da vida.

Referências

  • RASCOVSKY, K. et al. Sensitivity of revised diagnostic criteria for the behavioural variant of frontotemporal dementia. Brain, v. 134, n. 9, p. 2456-2477, 2011.

  • NEARY, D. et al. Frontotemporal lobar degeneration: a consensus on clinical diagnostic criteria. Neurology, v. 51, n. 6, p. 1546-1554, 1998.

  • PERRY, D. C.; MILLER, B. L. Frontotemporal dementia. Seminars in Neurology, v. 33, n. 4, p. 336-341, 2013.

  • Pathways to Well-Being with Dementia: Manual of Help, Hope and Inspiration. 2nd ed., 2018.