Diferença entre Alzheimer e outras demências: o que você precisa saber

Qual a diferença entre Alzheimer e outras demências? Descubra os principais sinais, métodos modernos de diagnóstico e como identificar cada quadro para garantir cuidados adequados e preservar a qualidade de vida.

DIAGNÓSTICO

Mauricio Maluf Barella

8/21/20253 min read

Quando ouvimos a palavra demência, muitas vezes pensamos automaticamente em Alzheimer.

Embora o Alzheimer seja de fato a forma mais comum, representando entre 60% e 70% dos casos, existem outras doenças que também levam à demência e que apresentam características distintas.

Entender essas diferenças é essencial para obter um diagnóstico preciso, planejar o tratamento e garantir mais qualidade de vida para o paciente e sua família.

O que é demência?

O termo demência não se refere a uma doença específica, mas a um conjunto de sintomas que envolvem declínio cognitivo progressivo (memória, linguagem, atenção, funções executivas) com impacto significativo nas atividades de vida diária. Diversas condições neurológicas podem levar a esse quadro, sendo o Alzheimer apenas uma delas.

Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer (DA) é marcada pelo acúmulo de placas beta-amiloides e emaranhados neurofibrilares de proteína tau no cérebro, provocando perda progressiva de memória e desorientação.

Os primeiros sinais costumam ser lapsos de memória recente, dificuldade em lembrar eventos do cotidiano e alterações na linguagem. Estudos apontam que biomarcadores em exames de neuroimagem e líquido cefalorraquidiano já permitem identificar alterações antes mesmo dos sintomas clínicos evidentes (Albert et al., 2011).

Outras demências Além do Alzheimer, há vários tipos de demência, cada uma com características próprias:

Demência Vascular: ocorre após múltiplos pequenos acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Sintomas podem surgir de forma súbita e incluem dificuldades motoras, cognitivas e alterações emocionais.

Demência com Corpos de Lewy (DCL): marcada por alucinações visuais, flutuações cognitivas e sintomas motores semelhantes ao Parkinson.

Demência Frontotemporal (DFT): afeta principalmente pessoas mais jovens (antes dos 65 anos). Os sintomas iniciais não são de memória, mas sim de comportamento (apatia, desinibição, impulsividade) e linguagem (dificuldade em nomear ou compreender palavras).

Comprometimento Cognitivo Leve (CCL): considerado uma condição intermediária entre o envelhecimento normal e a demência. Nem todos os casos evoluem para Alzheimer ou outra demência, mas o acompanhamento neuropsicológico é essencial.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico precoce e diferencial é fundamental para oferecer um tratamento adequado.

Ele inclui:

  • Avaliação neuropsicológica detalhada, que examina memória, atenção, funções executivas e linguagem;

  • Exames de neuroimagem (Ressonância magnética, PET-Scan com amiloide ou FDG-PET);

  • Biomarcadores no líquor (níveis de beta-amiloide e proteína tau);

  • História clínica e observação do comportamento relatada por familiares.

Pesquisas atuais indicam que a combinação de métodos clínicos e biomarcadores aumenta a precisão diagnóstica e permite diferenciar Alzheimer de outras demências com mais segurança (Dubois et al., 2021).

Por que essa diferenciação importa?

Cada demência tem trajetórias, sintomas e necessidades específicas.

Por exemplo:

  • No Alzheimer, intervenções em memória e suporte diário são prioritários.

  • Na DFT, intervenções em comportamento e linguagem são mais eficazes.

  • Na Demência Vascular, prevenir novos AVCs é essencial.

Reconhecer essas diferenças permite intervenções personalizadas, melhora o planejamento familiar e aumenta as chances de preservar autonomia e qualidade de vida por mais tempo.

Se você tem dúvidas sobre lapsos de memória, mudanças de comportamento ou suspeita de declínio cognitivo em alguém próximo, procure um neuropsicólogo especializado em avaliação da memória.

Um diagnóstico preciso pode fazer toda a diferença no cuidado e no bem-estar da família.

Referências

  • ALBERT, M. S. et al. The diagnosis of mild cognitive impairment due to Alzheimer’s disease: Recommendations from the National Institute on Aging. Alzheimer’s & Dementia, v. 7, n. 3, p. 270–279, 2011.

  • DUBOIS, B. et al. Clinical diagnosis of Alzheimer’s disease: Recommendations of the International Working Group. Lancet Neurology, v. 20, n. 6, p. 484–496, 2021.

  • WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dementia. Geneva: WHO, 2023. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia.

  • WORLD CONGRESS OF NEUROPSYCHOLOGY. Neuropsicologia em adultos e idosos: contribuições para avaliação e diagnóstico. Anais do Congresso Mundial, 2023.